Em uma segunda-feira, começo de semana, Sr. Domingues levanta atrasado e vai correndo para o trabalho. O fluxo de seus pensamentos é rápido, angustiante, preocupante. Tudo isso é  muito diferente do lago em que ele vai pescar. 


Imagine se o seu trabalho fosse este: um dia inteiro pescando, em silêncio, sozinho. Você ficaria entediado(a) em quanto tempo?

A palavra estresse vem da palavra inglesa stress. De acordo com o dicionário Michaelis, essa palavra quer dizer: força ou influência desagradável, pressão, tensão, veemência, violência.  


O contrário de estresse, portanto, seria tranquilidade, paz, calma. Mas será que queremos ser calmos?


Algumas pessoas sentem muitas emoções negativas por terem que sentir alguma coisa. Ou seja, elas não suportam a calma, a tranquilidade. Assim produzem e mantém a intranquilidade, o estresse, ou o medo, a raiva…


Os orientais chamam os turbilhões mentais de vittris.  Uma das maneiras que eles encontraram para acalmar os vittris é a meditação. 


Segundo Needleman, “podemos descrever a meditação, em termos essenciais, como toda disciplina voltada para o aumento da percepção por meio do direcionamento consciente da atenção. A atenção pode ser focalizada num objeto específico, como ocorre na meditação de concentração, ou manter-se aberta, numa percepção inespecífica de toda a experiência.  É ampla a gama de técnicas específicas. Em algumas práticas, a pessoa apenas se senta e procura ficar atenta  ao fluxo permanente da experiência. Outras envolvem a concentração da atenção em objetos particulares, como a respiração, as sensações, sons ou imagens visuais. Em outras, ainda, são geradas e vivenciadas emoções específicas, como o amor ou a compaixão”. 


Os vittris (turbilhões mentais) são como um vício. Os pensamentos ocorrem, incessantemente, um depois do outro. Se a consciência estiver presa neste incessante turbilhão, poderíamos ter o melhor dos trabalhos e ainda assim seríamos estressados. Tiraríamos férias e continuaríamos trabalhando. E deste modo, a história do Sr. Domingues não pareceria tão irreal assim.


Como já disse o Professor Henrique José de Souza: “A humanidade é infeliz por ter feito do trabalho um sacrifício e do amor um pecado”. 

Para saber mais: Além do ego. Organização dos artigos: Roger Walsh e Frances Vaughan. Editora Cultrix/Pensamento 



FELIPE DE SOUZA