Olá amigos!
Há uns dias eu publiquei, em nosso site de vídeos, um vídeo sobre a Falsidade nas Redes Sociais. O vídeo teve milhares de acessos (você poderá vê-lo também neste texto). Hoje gostaria de comentar o vídeo, através da distinção entre o que as pessoas mostram nas redes sociais e o que elas são na realidade. Isto porque tem sido divulgado que muitas pessoas estão deprimindo ao comparar a vida que tem com a vida que veem das pessoas adicionadas no facebook.
A falsidade nas redes sociais
Bem, como podemos ver no vídeo, o rapaz faz questão de criar cenas, de fingir em fotos, a fim de divulgar sua vida atual como sendo melhor do que é de verdade. Dai o título do nosso texto, “A falsidade nas redes sociais”, pois ele não está sendo verdadeiro. A impressão que temos é de que ele se importa mais em divulgar uma estado de coisas irreal do que optar por mudar as suas atitudes em seu relacionamento e em seu trabalho.
Mas este tipo de comportamento não é tão frequente quanto o comportamento mais comum de postar e selecionar apenas os bons momentos (de verdade) como viagens internacionais, festas alegres com muitos amigos, sucessos acadêmicos e sucessos profissionais, na carreira.
Digo que é mais comum postar apenas os bons momentos porque é uma tendência de todos divulgar o que valorizam. Neste sentido, não deveríamos falar em falsidade, já que o conteúdo é de verdade, apenas é selecionado e representa uma parte do dia-a-dia.
E é justamente esta a definição que podemos dar para persona, para a máscara que utilizamos para nos apresentar ao mundo. Selecionamos a cara, a face, a máscara que é melhor, que será aceita e curtida. Portanto, o que aparece é apenas um lado do que se é.
Aparência e essência
Esses dias atrás, em uma viagem para São Paulo, estava pensando na palavra alemã aussehen, que significa aparência. Até aí tudo bem. Acontece que na conjugação verbal, a palavra é separada em aus + sehen. E aus é de certa forma semelhante à palavra inglesa out (as duas línguas tem uma origem em comum) enquanto sehen significa ver. Aus, separado, quer dizer fora – assim como o out inglês.
Teríamos então aus (fora) e sehen (ver) como aparência em alemão. Aparência em alemão: ver – apenas, somente – o que está fora.
A palavra essência, por sua vez, vem da palavra latina esse que significa ser. Dai a distinção entre aparência e essência, entre o que se mostra fora e o que se é.
O curioso é que as redes sociais dão margem mesmo a esse tipo de equívoco entre o que as outras pessoas mostram e o que elas são. Embora a distinção também funcione, e funcione bem no “mundo real”, ela parece se aplicar ainda melhor ao ambiente virtual.
Afinal, como seria possível mostrar – de verdade e em totalidade – o que somos nas redes sociais?
Amigos reais
Segundo as estatísticas do próprio facebook, a maior parte dos usuários tem centenas de amigos, mas conversa frequentemente no bate-papo com 4 ou 5. O que quer dizer que o número de amigos reais é bem inferior ao número de “amigos” virtuais.
Talvez muitas pessoas discordem dessa estatística, argumentando que conversam com muito mais pessoas. Entretanto, o que a estatística indica é que a amizade real, aquela pessoa que realmente se importa se você está bem ou não, não será tão grande quanto o número de contatos ou seguidores. Nesse sentido, da amizade real, é provável que o número de 4 ou 5 para bilhões de pessoas esteja correto.
E a diferença entre as centenas de amigos e os amigos reais é também um outro aspecto do que as pessoas mostram nas redes sociais, mas não são.
Relacionamentos amorosos
Não posso deixar de mencionar a questão dos relacionamentos amorosos, embora seja melhor escrever um texto separado só sobre este assunto logo mais (veja aqui – O Amor e o Facebook – Confiança e Privacidade). Não posso deixar de mencionar porque o próprio vídeo coloca esta questão de maneira trágica:
Primeiro, por que a necessidade de divulgar o status de relacionamento? No vídeo, até colocar que está em um relacionamento aberto, ele coloca.
Segundo, me lembrei do filme Medianeiras, quando a personagem Mariana, vivida pela maravilhosa atriz Pilar López de Ayala, faz as contas de quantas fotos tinha tirado em um relacionamento que tinha chegado ao fim. No começo, centenas e centenas de fotos. Depois, algumas dezenas e, por fim, apenas algumas.
Como as redes sociais incorporam cada vez mais as fotos, nós podemos ver essa progressão de um relacionamento mais duradouro também nas fotos que são colocadas com frequência maior no início e depois, a partir da não necessidade de conquistar ou se assegurar para os outros, o número de fotos publicadas do casal começa a cair vertiginosamente.
Conclusão
Não me sinto muito a vontade para fechar este texto (concluir é fechar). Penso que ele poderia ser ampliado muito mais, especialmente na questão dos relacionamentos amorosos, em questões como ciúme, possessividade, infidelidade online.
Mas como uma conclusão provisória – afinal, escreverei mais sobre o tema em breve – penso que o importante desta questão da essência e da aparência, também nas redes sociais, é o autoconhecimento da diferença.
Em outras palavras, o que eu mosto e o que eu vivo de verdade. Ou seja, voltar o olhar para a mensagem que estamos enviando para os outros e o que devemos preservar e não mostrar. Por outro lado, também é muito importante notar que a mesma diferença existe para os outros, a vida que pode aparentar ser perfeita no perfil é apenas uma pequena parte do que é vivido. Só este pensamento já evita todo tipo de mal entendido.
E para encerrar, é necessário também levar em conta que a comparação com a vida alheia é sempre equivocada, pois cada um tem sua história, e, como diria Caetano, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.
Continuação – O Amor e o Facebook – Confiança e Privacidade
Adoro seus textos, embora não tenha tempo para fazer comentários, nem mesmo para ler tudo o que de bom nos oferece, Dr. Felipe de Souza.
Aproveito para lhe agradecer e parabenizar pelo seu site. E cá fico à espera de um texto mais alargado sobre relacionamentos amorosos online.
Saudações de Portugal!
Cordialmente
Maria da Luz Almeida
Texto muito bom, me identifiquei muito com o trecho que fala que as pessoas mostram-se ser perfeitamente felizes, pois já sofri muito, antes eu tinha o costume de ficar ao face comparando minha vida com as dos meus amigos e só ficava mais triste, muito frustrado pois parecia que minha vida estava estagnada, por enquanto que a dos meus amigos davam super certo. Até o dia que comecei a mostrar momentos felizes apenas e percebi que não tava vivendo, mas sim, vivendo para o facebook. Tornou-se tão grave que minhas ações eram pensando no facebook.
Faça o novo texto que vc citou. Amei esse.
Quero ver o próximo! Bjo
Já que vc está falando das redes sociais, que tal falar sobre aquelas pessoas extremamente competitivas que visualizam uma postagem nas páginas e nem curtem, nem comentam… Falo isso pq possuo uma página (grupo de ajuda a DQ) e percebo algumas postagens com mais de cem visualizações e nenhum curtir. Eu atribuo isso à competição. Por que não admitir que gostou de determinada opinião ou frase? O fato de vc ficar anônimo ao clicar numa página permite-lhe ficar omisso, mas tb não dá o feedback positivo ou negativo sobre o q postou. Algo assim…
Muito interessante! Eu já tinha o mesmo pensamento sobre este comportamento, mas você acrescentou bastante… gostaria de ver mais coisas sobre estes comportamentos on line.
O texto é mto interessante e mostra que é essa a realidade dos facebooks da vida.
Olá Felipe!
Eu gosto muito dessa modernidade de visitar as pessoas, vê-las em fotos, em bate-papos nas redes sociais. Eu fiz uso a princípio do Orkut e atualmente apesar de me inserir em muitas outras opções de redes, fiquei somente com o Facebook, acho-o mais prático, sei lá, me agrada mais. Só penso que de tão bom que é, toma-me muito do meu tempo e preciso me vigiar para não me atrapalhar nos estudos por conta de usar o precioso tempo somente nessa rede social. Agora, quanto ao tema, percebo o quanto as pessoas querem ser vistos em seu melhor aspecto, talvez para não preocupar o outro, ou mostrar que está bem na fita…já que vivemos um mundo voltado para o ter, o sucesso tão almejado de todos é o status que ocupa e dificilmente vamos sair dessa ilusão de que podemos equilibrar os fatores ter e ser. Antes era ser e ser, hoje ter e ter. Fruto de mais uma propaganda enganosa advinda da competição desmedida, do capitalismo predador. Nada como conquistar o equilíbrio – difícil por sinal – faz parte do mundo real e não do virtual.
Abraço virtual pra você!
Malupoças
Bom dia, belo texto. Deveria aprofundar mais a discussão, pois ela se mostra cada vez mais pertinente para a sociedade atual. Apoio a formulação de um novo texto baseando-se nas relações: relacionamentos amorosos x redes sociais.
abraço
Texto incrível, já divulguei p/ varias pessoas. Parabéns!
As pessoas as vezes esquecem da frase: Nem tudo é como agente quer, nem tudo pode ser perfeito. (como muitos demonstram em suas paginas de relacionamento)
Gostaria de receber a continuação do tema: Relacionamentos amorosos (nas redes sociais)
Olá Helen!
Obrigado!
O texto seguinte é O Amor e o Facebook – Confiança e Privacidade
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Gente , o fato de alguém visitar uma página e não clicar em “curtida” ou não postar comentário NÃO quer dizer, obrigatoriamente, que a pessoa é competitiva. Ela pode simplesmente ter acessado a página num relance, a fim de apenas ler um determinado conteúdo. Acho que seria um “julgamento” tachá-la de “competitiva. Como também seria um “julgamento” tachar aquele que fica “aguardando” opiniões alheias a respeito do que escreveu de “narcisista” , não é mesmo ?
Verdade Carol! Rótulos não ajudam muito! :)
Boa tarde,gostei muito do seu texto, recentemente excluí o meu Facebook justamente por observar o comportamento excessivo das pessoas, alegrias, tristezas conflitos realmente numa proporção desenfreada, e recebi diversas críticas,percebo que algumas pessoas se ofenderam e não falam mais comigo, não me procuram,enfim, nos primeiros dias fiquei triste com tanta repulsa.