Olá amigos!
Tenho recebido diversos emails de leitores e leitoras contando sobre estarem sentindo dificuldade no início da faculdade. Muitos são estudantes de psicologia, dos primeiros períodos. Neste texto, pretendo explicar as razões destas dificuldades (não apenas para alunos de psicologia) e formas de superar este problema. Ao final, também darei algumas dicas sobre o que fazer.
Dificuldades no início da Faculdade
Bem, quando começamos uma faculdade vamos iniciar uma nova etapa na nossa educação. Não é a toa que o nome é Ensino Superior, em contraposição aos ensinos que vieram antes: Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Embora tudo o que veio antes tenha sido planejado para servir de base para o Ensino Superior, é comum que o aluno entre na faculdade sem ter os conhecimentos básicos para começar. Isto pode ser por ter estudado em uma escola fraca ou por não ter dado a devida atenção aos conteúdos ministrados pelos professores.
Por isso, podemos citar que a primeira dificuldade é esta: a falta de base.
Infelizmente, temos em nosso país um grande descaso pela educação. E, quando digo isto, não estou querendo fazer aquele tipo de crítica ao governo, aos políticos, à corrupção. O descaso é também o descaso do aluno, que não liga e nem se esforça para aprender.
Quantos e quantos alunos não estudam nas melhores escolas e depois não conseguem nem passar no vestibular?
Enfim, não devemos colocar a responsabilidade apenas nas circunstâncias externas. Ainda mais em um mundo que tem a internet (e a internet não é só facebook, twitter, tumblr), que possibilita estudar todo tipo de assunto, em textos, simulados, vídeos e tudo praticamente gratuito.
De toda forma, o Ensino Superior é totalmente diferente do Ensino Médio. Se o aluno não deu muita atenção para os estudos até entrar na faculdade, terá agora à sua disposição a possibilidade de estudar a fundo uma área que gosta, ao contrário dos anos anteriores em que tinha que estudar todas as matérias.
Com isso, abre-se uma oportunidade única. Se a pessoa escolheu um curso condizente com seu perfil psicológico, vai encontrar conteúdos interessantíssimos. Mas e se a dificuldade inicial não for uma dificuldade por falta de base, mas sim uma dificuldade em virtude dos próprios conteúdos serem diferentes (e superiores)?
As dificuldades inerentes ao Ensino Superior
Como disse no início, o Ensino Superior é, por definição, superior ao Ensino Médio. Ou seja, estuda-se com mais complexidade, com mais profundidade, com mais tempo o que tinha sido apenas pincelado antes, ou, talvez, o que nem tinha sido passado.
Me lembro como se fosse ontem, um grande amigo meu do terceiro ano dizendo, depois que já estava na faculdade de química, que o que aprendemos de química não é nada. Por exemplo, ao invés de estudarmos as moléculas em duas dimensões, eles estudavam em 3D, o que evidentemente é muito mais completo.
Ou seja, realmente, ao entrarmos na faculdade – ainda que tenhamos sido bons alunos no Ensino Médio – estaremos dando um salto. Ou, para utilizar uma outra metáfora, estaremos subindo para um degrau mais alto.
Com isto, é comum que haja sim alguma dificuldade para aprender, para assimilar, para memorizar os novos conteúdos. Mas em pouco tempo, o aluno geralmente se acostuma com o ritmo, e se houver dedicação, conseguirá acompanhar os novos conhecimentos.
Um outro tipo de dificuldade, acontece, não do lado do estudante, mas do lado do professor. É frequente encontrarmos professores que acabaram de sair do doutorado. Como o doutorado está bem acima da graduação, no nível de profundidade, há um descompasso entre o que o professor já coloca como base e o que o aluno tem como base.
Se o professor não “abaixar um pouco a bola”, terá imensa dificuldade de passar o seu conteúdo de forma clara e didática. Para o aluno será aquele professor que sabe, mas não sabe passar. Se o professor não aceitar a crítica, todo o seu objetivo será inútil, já que terá conhecimento, mas não conseguirá transmiti-lo para quem precisa.
Outra questão que pode acontecer, e é até uma situação comum, é de que o material que é escolhido não ser adequado. Ou é fraco demais, como apostilas muito simples – que, paradoxalmente, mais confundem do que ajudam – ou então é também muito complexa para o aluno que está começando a estudar uma nova área.
Por isso, é função do professor, do monitor ou tutor, auxilar com textos que sejam básicos, porém completos sobre o assunto ou problema que está sendo estudado.
Um exemplo da psicologia. Digamos que vamos começar a estudar Freud. Ora, Freud escreveu 23 volumes – volumosos por sinal – sobre a psicanálise. Por onde o aluno vai começar?
O mais indicado seria pegar um comentador, um autor que já estudou os 23 volumes, tenha um conhecimento aprofundado mas claro, para que o aluno possa entender sobre a história da psicanálise, sobre os motivos de sua criação, sobre as modificações ao longo dos anos e por aí vai. Por isso, seria indicado pegar um autor como o Renato Mezan, autor do fantástico livro Freud: a trama dos conceitos e ir estudando as fases da psicanálise.
Claro que se você pegar um livro como O Ego e o Id será muito difícil acompanhar tudo. Não só porque trata-se de um livro já da fase final de elaboração freudiana, na segunda tópica, com uma grande reformulação da teoria das pulsões, mas porque o conhecimento ali ficará muito solto.
Nestes dois últimos casos, quando o professor ensina sem muita didática ou quando os materiais são muito complicados por serem soltos, o aluno – como sempre deveria ser – deve assumir uma postura mais ativa e buscar por si o conhecimento que está faltando.
Por isso, penso que é um erro culpar a fraqueza do ensino público ou o jeito de ensinar do professor. O conhecimento que será adquirido em uma faculdade é um tipo de conhecimento que na maior parte das vezes será utilizada no trabalho, em uma atuação profissional. Assim sendo, há uma grande responsabilidade do aluno em aprender de forma eficaz até para que possa contribuir verdadeiramente com a sociedade na qual está inserido.
Conclusão
Bem, para concluir, gostaria de responder – ainda que de forma rápida – a pergunta: O que fazer quando temos dificuldade no início da faculdade?
Primeiro, é necessário considerar que não se trata de uma deficiência intelectual, ou seja, em 99,9% dos casos não é falta de inteligência ou capacidade. Como explicado no texto, temos algumas questões que podem ser apontadas como causas: pouca base do Ensino Médio, seja pela escola ser deficiente, seja pelo desinteresse típico da adolescência; dificuldades por estarmos subindo de nível, dificuldades pela falta de didática dos professores ou pelos materiais utilizados serem muito simples ou muito rebuscados.
Segundo, é preciso querer estudar. Se o que falta é base para começar a estudar, o caminho tem que ser ir atrás do tempo perdido.
Por exemplo, muitos alunos dos cursos de exatas não passam nas matérias iniciais de cálculo. Não por serem burros, mas por não saberem nada de matemática. Como fazer uma equação diferencial se não se conhece uma equação de primeiro grau?
Ou seja, para aprender um conhecimento mais complexo, é necessário ir atrás do conhecimento mais básico. Assim, aulas particulares, cursos extracurriculares (no caso da matemática há o Kumon, que é excelente), grupos de estudo, pesquisas na internet auxiliam na criação desta base mínima para que se possa continuar.
Terceiro, é comum que ao longo dos anos da faculdade, sentirmos que ora sabemos muito, ora não sabemos nada. Por isso, é necessário sempre reconhecer o progresso que está sendo feito e, também, manter uma disciplina de estudos, pois, no final das contas, o conhecimento é progressivo. É como uma bagagem que vamos acumulando: quanto mais sabemos, mais fácil fica continuar aprendendo.
Oi, Felipe. Um dia tu poderia gravar um vídeo falando sobre universidades de psicologia no exterior. Como conseguir? Bolsas.. etc.
Grato! =)
Ótimo Felipe!, está de parabéns com seus textos, eu o acompanho desde antes de ingressar na faculdade de Psicologia na qual iniciei esse ano, e muitos na minha turma estão encontrando bastante dificuldades nesse inicio, irei recomendar essa leitura a todos, parabéns mais uma vez pelos textos que são maravilhosos, abraços Felipe!
Bom dia, tenhas uma feliz Páscoa! Obrigada por nos passar todo esse conhecimento. Ione Pacheco
Oi Felipe tudo bem?
estive meio afastada dos seus textos mesmo recebendo eles e tendo a maior vontade de ler devido aos temas sempre interessantíssimos ,exatamente por isso ….PROBLEMAS COM O PRIMEIRO ANO.
Felipe nem sei ao certo quais os tópicos que vc citou são os que mais se encaixam ao meu caso…..a única certeza que eu tenho até agora é que é isso que eu quero pra mim.
com certeza o que eu vou te falar agora vc já passou ,ou já deve ter escutado muitas pessoas que passaram te falar a mesma coisa.
vamos lá !!!
a faculdade de Psicologia é como eu já imaginava simplesmente fascinante maravilhosa ,mas umas das minhas principais dificuldades além da grande quantidade de matérias é a parte de estatística pois eu não imaginei que fosse entrar tão afundo assim ,isso esta sendo geral na minha classe até por que todos os alunos entraram lá para ser Psicólogos assim como eu detestam a matemática .Em dialogo com os alunos dos terceiros e quartos anos eu ouvi vários concelhos entre eles que o primeiro ano é muito complexo pois é somente a parte de introdução que tem que ser passada ,mas não será usada muito nos anos seguintes ,o que vc me fala?
outra coisa Já me falaram que o primeiro ano não tem nada de psicologia mas sim nos segundo em diante o que vc me fala?
Eu em particular apesar de algumas dificuldades estou amando cada dia que passa fico mais feliz e tenho mais certeza do que eu quero pra mim!!!!
Mas se tiver algo que vc possa me auxiliar serei eternamente grata a você .
principalmente Citando:
Psicologia do desenvolvimento.
Psicologia social
Estatística.
Que são as áreas mais confusas até agora
obrigado pelo Texto como sempre foi de muito aproveitamento
queria parabeniza-lo Também telo excelente artigo que você postou a alguns Dias do
FALECEU A PESSOA QUE TE ATRAPALHAVA .
Amei…..
sem comentários simplesmente perfeito .
beijos .
Olá Ricardo!
Sim, é um excelente tema. Está anotado, ok?
Obrigado pela sugestão!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Lucas!
Que legal! Fico feliz que esteja acompanhando o nosso site!
Obrigado pelos elogios e obrigado por compartilhar!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Ione!
Muito obrigado!
Feliz Páscoa para você também!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Concordo com o texto. No entanto, vale lembrar, assim como no Ensino Médio, no Ensino Superior, a dinâmica na forma como cada aluno aprende permanece. Nem todos aprendem tudo com o mesmo método. Eu, por exemplo, tive uma experiência com um grupo de estudos que foi formidável.
Adorei o texto tudo que eu precisava.
Inicie o curso de psicologia esse ano e realmente não tinha base nenhuma, por causa disso tranquei o curso mas estou em casa recuperando o tempo perdido.
Obrigada seus texto me ajudam bastante
Olá Luana,
Sim, o primeiro ano é diferente dos anos seguintes. Para qualquer faculdade, o primeiro ano geralmente é de introdução e nem sempre as matérias introdutórios são específicas da área de atuação.
Temos que lembrar que, além das disciplinas teóricas, a psicologia também possui muitas disciplinas mais práticas, ok?
Com relação à estatística, é necessário saber o que é ensinado, mas será útil mais para as pessoas que forem pesquisar em psicologia comportamental e, mesmo assim, na maioria das vezes alguns programas de computador realizam o trabalho grosso da matemática, rsrs.
Com relação às outras matérias, sugiro que você converse com os professores sobre alguns livros básicos que podem te ajudar desde já.
É sempre um prazer contar com sua participação por aqui. Por isso, não suma não, ok? rsrs
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Marcos!
Sim, claro!
Cada pessoa tem que aprender a aprender!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Daniela!
Obrigado!
Fico muito feliz que tenha gostado e que o texto tenha, de alguma forma, ajudado!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá Felipe, tenho lido alguns de seus textos e tem me ajudado bastante, pois, sou aluna de Psicologia e estou no 1º período e estou um pouco perdida com tantas coisas novas. Gostaria depara lhe pedir uma orientação: tenho um trabalho sobre Jean Piaget e a Linguagem; em quais livros eu poderia me informar melhor e mais claramente?
Olá Beatriz, tudo bem?
Então querida, já tem um tempo que não estudo mais Piaget.
Sugiro que você veja a ementa desta disciplina ou peça auxilio para o seu professor(a) ou mesmo ex-alunos da sua faculdade nesse caso, ok?
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Olá, sou aluna do curso de psicologia e me encontro com dificuldades em relação a matéria de Neuroanatomia… Meu professor é muito ríspido com todos e, como se não bastasse não passa p conteúdo como deveria ser passado, segundo a neurocientista… ele é dentista e tem doutorado em ANATOMIA, e o que deveria ser a aula mais prazerosa, se torna a aula mais chata e cansativa. Além desse detalhe de confusão das idéias com o conteúdo teórico, meu problema se dá com as aulas práticas, que por sua vez, detesto ter que trabalhar com material humano, já tentei de várias formas, mas sempre acabo desesperada. Enfim, estou pensando em trancar o curso por esse detalhe, mas ao mesmo tempo não quero, por amar a psicologia. Não sei o que fazer, preciso de ajuda.
Olá Krislainy,
Bem, esta é uma situação chata, mas passível de acontecer. Muitos professores não tem ainda a didática necessária.
Quanto a ter a parte prática da disciplina, procure ver como você pode superar este momento (que tende a ser passageiro). Você pode ter a ajuda de colegas ou mesmo conversar com a coordenadoria.
Em último caso, existem outras universidades de psicologia que utilizam bonecos ao invés do material humano.
Atenciosamente,
Felipe de Souza